a) Soja
Esta leguminosa pode dar origem a três tipos de fontes proteicas: farinha de soja, concentrado proteico de soja e isolado proteico de soja.
A farinha de soja é a fonte proteica de origem vegetal mais utilizada em aquacultura devido à sua elevada disponibilidade, constância na composição, valor nutricional e preço acessível. No gráfico seguinte é apresentada uma comparação da evolução nos últimos cinco anos do preço da farinha de soja com a farinha de peixe. A farinha de soja é obtida após a remoção do óleo dos feijões de soja que é seguido pela tostagem e moagem dos flocos. Os fatores anti-nutricionais presentes, nomeadamente os inibidores de tripsina podem ser reduzidos com a torragem. No entanto o calor utilizado neste processo pode levar à destruição de lisina e à desnaturação de proteínas, e portanto a uma redução da qualidade e digestibilidade das proteínas. Para se evitar as perdas no valor nutritivo, a remoção dos fatores anti-nuticionais pode ser feita com recurso a descasca, extração com solventes ou fermentação. Comparativamente à farinha de peixe, a farinha de soja apresenta valores mais baixos em alguns AAE, sobretudo lisina e metionina. Diversos estudos demonstraram que a substituição total de farinha de soja por farinha de peixe resultou em reduções da palatabilidade, da digestibilidade de nutrientes e do crescimento das espécies, pelo que é aconselhada a suplementação com metionina e/ou lisina (AYADI, et al., 2012).
Esta leguminosa pode dar origem a três tipos de fontes proteicas: farinha de soja, concentrado proteico de soja e isolado proteico de soja.
A farinha de soja é a fonte proteica de origem vegetal mais utilizada em aquacultura devido à sua elevada disponibilidade, constância na composição, valor nutricional e preço acessível. No gráfico seguinte é apresentada uma comparação da evolução nos últimos cinco anos do preço da farinha de soja com a farinha de peixe. A farinha de soja é obtida após a remoção do óleo dos feijões de soja que é seguido pela tostagem e moagem dos flocos. Os fatores anti-nutricionais presentes, nomeadamente os inibidores de tripsina podem ser reduzidos com a torragem. No entanto o calor utilizado neste processo pode levar à destruição de lisina e à desnaturação de proteínas, e portanto a uma redução da qualidade e digestibilidade das proteínas. Para se evitar as perdas no valor nutritivo, a remoção dos fatores anti-nuticionais pode ser feita com recurso a descasca, extração com solventes ou fermentação. Comparativamente à farinha de peixe, a farinha de soja apresenta valores mais baixos em alguns AAE, sobretudo lisina e metionina. Diversos estudos demonstraram que a substituição total de farinha de soja por farinha de peixe resultou em reduções da palatabilidade, da digestibilidade de nutrientes e do crescimento das espécies, pelo que é aconselhada a suplementação com metionina e/ou lisina (AYADI, et al., 2012).
Variação do preço das farinhas de peix e soja, e do milho em euros/ton (adaptado de Index Mundi, 2015)
O concentrado proteico de soja resulta da descasca dos grãos, seguindo-se uma de extração por solventes para remoção do óleo dos flocos, e uma extração com etanol e ácidos para remoção de componentes anti-nuticionais e de hidratos de carbono solúveis. Apesar de apresentar um teor de proteína bruta semelhante à farinha de peixe, este produto é deficitário em lisina e metionina (AYADI, et al., 2012).
O isolado proteico de soja é o produto de soja com maior teor de proteína bruta encontrado no mercado, sendo a metionina o único AAE deficitário relativamente à farinha de peixe. É obtido a partir do concentrado proteico de soja após ter sido removido a fibra insolúvel por extração alcalina e os açúcares solúveis por precipitação ácida (AYADI, et al., 2012). b) Milho O milho é um cereal que quando submetido a operações de processamento pode dar origem a produtos como farinha de glúten de milho e grãos secos de destilaria com solúveis. A farinha de glúten de milho é um coproduto do processo de moagem por via húmida do milho, do qual resultam as frações de amido, gérmen, proteína e fibra. Resulta da extração de amido do grão de milho, sendo composto fundamentalmente por glúten. Devido ao seu elevado teor proteico é bastante utilizado na alimentação de animais, tradicionalmente bovinos, suínos e aves de criação. É desprovido de fatores anti-nutricionais e, comparativamente à farinha de peixe apresenta baixos valores de lisina e metionina (AYADI, et al., 2012). Os grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS) são um coproduto da produção de etanol para fins energéticos. Depois de moídos, os grãos de milho são submetidos a fermentação obtendo-se etanol e grãos de destilaria que são secos até um teor de humidade de 10-12%, denominando-se DDGS (do inglês Dried Distillers Grains with Solubles). Devido ao processo de fermentação, a disponibilidade de nutrientes nos DDGS é cerca de 3 vezes superior comparativamente ao dos grãos não fermentados. Devido ao elevado teor proteico e à ausência de fatores anti-nutricionais, tem sido utilizado como ingrediente em rações de bovinos. No entanto, devido ao alto conteúdo em fibra bruta e aos teores muito baixos de AAE (nomeadamente lisina e metionina) a sua utilização na alimentação de peixes tem sido limitada. Com o aumento previsto para a produção de etanol a partir do milho, perspetiva-se que os preços de DDGS diminuam tornando-se competitivos relativamente aos da farinha de soja (AYADI, et al., 2012). c) Sementes de algodão A farinha de sementes de algodão é um produto secundário da extração de óleo das sementes de algodão (parcialmente) descascadas. É utilizada frequentemente como fonte proteica em rações de gado, sendo uma alternativa mais barata à farinha de soja. Como muitas fontes proteicas vegetais é, comparativamente à farinha de peixe, pobre em lisina e metionina. Como tal, em rações com teores elevados de farinha de sementes de algodão é aconselhada a suplementação com metionina e lisina. Na sua composição constam também diversos fatores anti-nutricionais tais como ácido fítico, fito-estrogénios, anti-vitaminas e um pigmento tóxico, o gossipol. Os peixes, contrariamente a outros animais não ruminantes (como suínos e aves de capoeira), apresentam uma tolerância elevada a este pigmento (AYADI, et al., 2012). d) Alfalfa A alfalfa é o legume forrageiro mais amplamente cultivado e que apresenta a maior produção de biomassa e melhor valor nutricional. Tem baixo custo, e é bastante utilizado como alimento para animais. Comparativamente à farinha de peixe, apresenta um perfil de aminoácidos pobre, com teores muito baixos de lisina e metionina. Os elevados teores de fibra e de fatores anti-nutricionais (entre os quais se incluem inibidores de protéase, saponinas, fitoestrogénios e antivitaminas) provocam uma utilização bastante incompleta dos nutrientes. A utilização deste legume como fonte proteica em rações obriga a que seja feita uma purificação para a remoção destes componentes e aumentar o teor proteico (AYADI, et al., 2012). e) Colza e canola As sementes de colza pertencem ao género Brassica que inclui várias espécies entre as quais Brassica napus, Brassica campestres e Brassica juncea. A canola é uma espécie de origem canadiana obtida por manipulação genética, que contém valores de ácido erúcico inferior às espécies tradicionais de colza (AYADI, et al., 2012). A farinha de colza/canola é um produto secundário obtido após a remoção de óleo do bolo triturado de sementes de colza/canola, sendo uma das maiores fontes proteicas utilizadas na alimentação animal e como fertilizante. Apresenta teores brutos elevados de proteína e de fibra e, tal como outras fontes proteicas vegetais, baixos teores de lisina e metionina. A partir do descascamento é possível reduzir os teores de fibra e de fatores anti-nutricionais, entre os quais se incluem os taninos e os ácidos fítico e sinapínico. A aplicação de tratamentos térmicos permite também inativar estes fatores (AYADI, et al., 2012). f) Tremoço O tremoço é uma leguminosa bastante utilizada na alimentação animal e para consumo humano. É das leguminosas com maior teor em proteínas, gordura e fibra. Em relação à farinha de peixe, apresenta um perfil de aminoácidos mais pobre, apresentando baixos teores de lisina e de metionina. Na preparação de farinhas de tremoço para ração é vantajoso realizar-se o descascamento de modo a reduzir-se a quantidade de fibras, hidratos de carbono e fatores anti-nutricionais, entre os quais se incluem a-galactosídeos, inibidores de tripsina, fosfatos de inositol, e alcaloides. Com descascamento, o teor proteico aumenta assim como o valor nutritivo, enquanto que os teores de gordura, lisina e metionina permanecem praticamente inalterados. Os alcaloides constituem a maioria dos fatores nutricionais presentes mas podem ser facilmente eliminados através de lavagens com água, melhorando-se a platabilidade da farinha de tremoço (AYADI, et al., 2012). g) Ervilha A ervilha é uma leguminosa bastante produzida para consumo humano. Na alimentação animal é habitualmente utilizada na forma de concentrado proteico, apresentando teores proteicos e de amido próximos de 49% e 50%, respetivamente. O perfil de aminoácidos é bastante inferior ao da farinha de peixe, destacando-se os valores muito baixos de metionina. Uma variedade de fatores anti-nutricionais estão presentes, nomeadamente inibidores de protéase, ácido fítico, polifenóis, cianogénicos e lecitinas. O elevado teor de amidos e fibras face ao teor proteico faz com que a digestibilidade das proteínas seja mais baixa. A digestibilidade pode ser melhorada com a inclusão de operações de descascamento (para remover a fibra), extrusão e tratamento térmico (para inativação dos fatores anti-nutricionais) (AYADI, et al., 2012). h) Lentilha A lentilha é uma leguminosa destinada à alimentação humana, com maior importância em países em desenvolvimento. O seu perfil de aminoácidos é bastante inferior ao da farinha de peixe. Tal como outros legumes, são compostos por fatores anti-nutricionais que condicionam a sua utilização, pelo que no seu processamento é necessário aplicarem-se operações que permitam a sua redução ou inibição. Através da descasca reduzem-se a quantidade de taninos (aumentando-se a de proteínas de amidos); da cozedura, os níveis de ácido fítico; da germinação, os níveis de inibidores de tripsina, os taninos e o ácido fítico; e da imersão, os fitatos e os taninos (AYADI, et al., 2012). i) Grão-de-bico O grão-de-bico é uma leguminosa produzida maioritariamente para alimentação humana, pelo que, está facilmente disponível a um preço acessível. O seu perfil de aminoácidos é, comparativamente à farinha de peixe, bastante inferior. Para que o teor proteico seja máximo, o grão-de-bico deve ser descascado. Embora seja frequente a utilização na forma de extrusado na alimentação de galinhas e suínos, os estudos realizados em peixes são bastante mais escassos (AYADI, et al., 2012). j) Feijão O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma espécie de planta que inclui uma ampla gama de variedades, entre as quais se destaca o feijão branco, o feijão catarino e o feijão preto. Por serem utilizados na alimentação humana, estão facilmente disponíveis e apresentam um preço acessível. Comparativamente à farinha de peixe são, com exceção do feijão preto, ricos em lisina mas pobres em metionina. Além disso contém vários fatores anti-nutricionais que podem ser inativados com tratamento térmico adequado. Apesar de não existirem estudos conclusivos relativamente ao emprego de à digestibilidade em dietas de peixes, as características apresentadas fazem dele um potencial ingrediente em rações para aquacultura (AYADI, et al., 2012). Tabela 1 - Composição de fontes proteicas animais e vegetais Tabela 2 - Utilização de fontes proteicas alternativas na alimentação de Tilápia do Nilo e Truta Arco-íris |
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Referências:
AYADI, F., et al, 2012. Alternative Protein Sources for Aquaculture Feeds. Journal of Aquaculture Feed Science and Nutrition, 4(1), pp. 1-15.
AYADI, F., et al, 2012. Alternative Protein Sources for Aquaculture Feeds. Journal of Aquaculture Feed Science and Nutrition, 4(1), pp. 1-15.
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