Composição e propriedades
O própolis é maioritariamente constituído por resinas ricas em ácidos fenólicos e flavonoides (55%), por cera (30%), compostos voláteis (10%) e pólen (5%). A natureza destes constituintes não é, em condições favoráveis, muito influenciada por variações ao nível da localização geográfica ou da subespécie de Apis mellifera. No entanto, os teores destes constituintes tendem a variar sobretudo com o tipo de vegetação na zona envolvente ao apiário e com a finalidade do própolis produzido. Quanto maior for a disponibilidade de plantas produtoras de resinas, maior será a proporção destas face à de cera, e vice-versa. Adicionalmente, no própolis destinado à construção e reparação dos favos a proporção de cera é superior à de resinas. Pelo contrário, o própolis utilizado no revestimento dos alvéolos contém muito pouca ou nenhuma cera, pois esta não tem qualquer efeito antimicrobiano (FNAP, 2010). As propriedades antimicrobianas e antioxidantes do própolis derivam das resinas que estas apresentarem um elevado teor de compostos fenólicos, nomeadamente flavonoides, ácidos fenólicos, estilbenos, tocoferóis e tocotrienóis. A bibliografia referencia o sucesso do própolis no tratamento de inflamações e doenças infeciosas, como as que são provocadas pelo vírus do papiloma humano, cáries, psoríase, micoses cutâneas, tuberculose; e no alívio dos sintomas de estomatites, radiculites, gengivites e piorreia (MUNSTEDT e BOGDANOV, 2009). O própolis apresenta um aroma intenso e agradável e uma coloração variável, desde o amarelo ao preto, passando por diversas tonalidades de castanho, vermelho ou esverdeado. A sua consistência é altamente influenciada pela temperatura, sendo flexível e pegajosa acima de 30°C, e dura e inquebrável a cerca de 15°C, e frágil e facilmente pulverizável a temperaturas inferiores a 5°C (FNAP, 2010). Obtenção, Transformação e Armazenamento O processo de obtenção de própolis envolve as seguintes etapas: recolha, limpeza, armazenamento e conservação. A recolha do própolis pode ser feita pelo método artesanal (ou raspagem) ou através da utilização de redes. O primeiro envolve a raspagem do própolis depositado pelas abelhas sobre as paredes da colmeia, que deverá ser realizada em épocas frias do ano pois as baixas temperaturas facilitam a separação do própolis da madeira, ao mesmo tempo que o seu estado rígido limita a possibilidade de contaminação com pedaços de madeira ou de abelhas. Adicionalmente, são necessários cuidados adicionais para se evitarem contaminações e alterações nas características físico-químicas do produto. No segundo método são utilizadas redes de malha fina feitas de um material maleável e inerte (p.e. plástico), que são colocadas imediatamente abaixo da tampa da colmeia. Os orifícios destas redes são selados pelas abelhas com o própolis que é posteriormente recolhido pelo apicultor. A utilização de redes de extração é mais vantajosa pois permite maiores rendimentos de produção (500g/colmeia.ano face aos 100-200 g/colmeia.ano obtidos por raspagem), e que a extração seja feita em qualquer altura do ano, mesmo em épocas quentes uma vez que as fitas depois de retiradas se submetidas a congelação possibilitam uma remoção fácil do produto (FNAP, 2010). A operação de limpeza destina-se à remoção dos contaminantes macroscópicos como pedaços de abelhas ou de madeira, bem como todas as raspas de própolis que possam ter pintura aderente. Esta operação é feita manualmente com o auxílio de uma pinça, encontrando-se o própolis disposto numa bandeja de altura baixa e feita de material inerte (FNAP, 2010). O própolis deve ser armazenado em sacos plásticos transparentes e em pequenas quantidades para evitar compactação. Os sacos com o própolis devem ser colocados dentro de caixas e armazenadas em local fresco e ao abrigo da luz (FNAP, 2010). Usos O própolis é utilizado como suplemento alimentar em pastilhas mastigáveis ou em pó que pode ser administrado em cápsulas ou misturado em alguns alimentos e bebidas. Pode também aparecer na forma de extratos líquidos (p.e., etanólicos e aquosos) para ser misturado com alimentos (KRELL, 1996). |
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Referências:
FNAP (2010). Manual de produção de Pólen e Própolis, FNAP-Federação Nacional dos Apicultores de Portugal, Lisboa, pp. 4-17.
MUNSTEDT, K e BOGDANOV, S (2009). Bee products and their potential use in modern medicine. Journal of ApiProduct and ApiMedical Science, 1(3):47-63 [DOI: 10.3896/IBRA.4.01.3.01].
KRELL, R (1996). Value-added Products from Beekeeping, FAO Agricultural Services Bulletin No.124, FAO, Rome. [ISBN: 92-5-103819-8] (disponível em: http://www.fao.org/docrep/w0076e/w0076e00.htm#con)
FNAP (2010). Manual de produção de Pólen e Própolis, FNAP-Federação Nacional dos Apicultores de Portugal, Lisboa, pp. 4-17.
MUNSTEDT, K e BOGDANOV, S (2009). Bee products and their potential use in modern medicine. Journal of ApiProduct and ApiMedical Science, 1(3):47-63 [DOI: 10.3896/IBRA.4.01.3.01].
KRELL, R (1996). Value-added Products from Beekeeping, FAO Agricultural Services Bulletin No.124, FAO, Rome. [ISBN: 92-5-103819-8] (disponível em: http://www.fao.org/docrep/w0076e/w0076e00.htm#con)
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