Composição e propriedades
A geleia real é constituída maioritariamente por água (60 – 70%), proteínas (9 – 18%), açúcares (7 – 18%) e lípidos (3 – 8%). Uma fração significativa das proteínas apresenta um elevado peso molecular como é o caso da “royalactin”, uma hormona responsável pela diferenciação entre a abelha rainha e as obreiras. Encontram-se também presentes diversos peptídeos bioativos e aminoácidos livres. Entre os hidratos de carbono constam a frutose e a glucose que representam mais de 90% dos açúcares totais, e uma pequena fração de oligossacáridos como maltose, sacarose, trealose, gentiobiose, isomaltose, rafinose, melezitose ou erlose. A fração lipídica é composta predominantemente ácidos gordos, como é o caso do 10-hidroxidec-2-enóico (10-HDA), uma substância com elevada atividade farmacológica e que é utilizada também como um marcador da qualidade do produto e na identificação de adulterações. O seu teor na geleia real pura deverá ser superior a 1,4% da massa fresca. Entre os componentes minoritários encontram-se as vitaminas (complexo B, C e E) e os minerais, nomeadamente cobre, zinco, ferro, cálcio, manganês e potássio (LOPES, 2014). Estudos científicos recentes comprovaram que a presença de um conjunto de proteínas de elevado peso molecular específicas da geleia real assim como a de 10-HDA conferem atividade antitumoral em humanos. Este ácido gordo é também responsável pela regeneração de neurónios em ratos. A geleia real tem demonstrado resultados interessantes ao nível do tratamento de hipercolesterolemia, diabetes, hipo e hipertensão, infertilidade e disfunção sexual masculina, e sintomas pós-menopausa (MUNSTEDT e BOGDANOV, 2009). A geleia real apresenta-se como um produto de cor amarela-esbranquiçada, textura cremosa e sabor ácido (LOPES, 2014). Obtenção, Transformação e Armazenamento Como foi referido anteriormente, a abelha rainha alimenta-se durante todo o seu ciclo de vida de geleia real produzida pelas obreiras. Na altura em que é necessário criar uma nova rainha, as obreiras constroem células (alvéolos) reais e aumentam a produção de geleia real. Isto pode acontecer quando a rainha morre, ou quando a população da colmeia se torna excessivamente grande e a rainha se prepara para formar um novo enxame com parte das obreiras da colónia. O princípio de produção intensiva da geleia real consiste em tornar uma colónia órfã por eliminação da rainha ou então pela introdução de uma grade exclusora que condiciona a rainha numa zona limitada do ninho, introduzindo-se de seguida na colmeia, próximo do local de postura, um quadro contendo células artificiais (ou cúpulas), nas quais previamente o apicultor colocou uma jovem larva. As abelhas aceitam estas células e criam as larvas que aí se encontram como futuras rainhas, introduzindo grandes quantidades de geleia real em cada uma destas células. Três dias mais tarde, o apicultor retira o quadro e recolhe a geleia real contida em cada um dos alvéolos reais artificiais. A presença da abelha rainha é um fator importante para por um lado obter uma maior taxa de aceitação pela colónia das “larvas enxertadas”, e por outro lado obter maiores quantidades de geleia real. Outro fator relevante para a obtenção de bons rendimentos de produção é a disponibilidade de fontes de néctar e pólen que garantam que a colónia se encontre bem alimentada. A recolha da geleia real das cúpulas pode fazer-se por sucção, ou por meio de uma espátula de aço inox. O produto recolhido quando armazenado à temperatura ambiente ou no frigorífico torna-se lentamente mais viscoso e escuro podendo facilmente rancificar. Estas mudanças são aparentemente devido a atividades enzimáticas contínuas e interações entre as frações lipídicas e proteicas, pelo que para uma boa preservação, após a recolha, deve ser imediatamente congelada ou liofilizada, evitando ao máximo o contato com o ar e com a luz (LOPES, 2014). Usos A sua utilização a nível comercial tem crescido significativamente com a incorporação em suplementos de nutrição desportiva e alimentos saudáveis. |
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Referências:
LOPES, C (2014). Otimização das condições de produção da Geleia Real e avaliação de parâmetros da qualidade do produto final. Dissertação de Mestrado em Tecnologia da Ciência Animal, Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança, Bragança, pp. 1-11.
MUNSTEDT, K e BOGDANOV, S (2009). Bee products and their potential use in modern medicine. Journal of ApiProduct and ApiMedical Science, 1(3):47-63 [DOI: 10.3896/IBRA.4.01.3.01].
LOPES, C (2014). Otimização das condições de produção da Geleia Real e avaliação de parâmetros da qualidade do produto final. Dissertação de Mestrado em Tecnologia da Ciência Animal, Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança, Bragança, pp. 1-11.
MUNSTEDT, K e BOGDANOV, S (2009). Bee products and their potential use in modern medicine. Journal of ApiProduct and ApiMedical Science, 1(3):47-63 [DOI: 10.3896/IBRA.4.01.3.01].
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